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Artigo | 2015, o ano em que a economia levou pau - Pádua Marques


Não existe bicho mais medroso do que menino. Digo isso pra lembrar do meu tempo de estudante em grupo escolar, o hoje velho e mau cuidado Grupo Escolar Epaminondas Castelo Branco ali na rua James Clark, entre os bairros de Fátima e São Benedito. Foi onde estudei todo o meu curso primário antes de ir depois de fazer o exame de admissão pra o Colégio Estadual Lima Rebelo.

Naquele tempo não havia esse negócio de recuperação. O camarada estivesse reprovado, reprovado estava e haveria de repetir o ano. E até usando uma expressão daquela época, grosseira aos padrões de hoje, se você não fosse tirando boas notas logo desde o início do ano o pau era certo. E era pau na escola e pau em casa. Entre nós, meninos daquele hoje distante ano de 1965 era um medo muito grande a ameaça de ser reprovado. Talvez nem tanto pela reprovação em si, mas a humilhação, a vergonha de ficar pra trás.

Nossas professoras, as professoras daquele e nosso tempo estão longe de imaginar os recursos que vieram depois pra pedagogia facilitando talvez o desempenho e dando autonomia e mais agilidade no aprendizado. Até porque hoje a sala de aula é um rico laboratório digital em que a presença do professor pode até ser dispensada, segundo alguns especialistas.

Hoje as coisas são muito mais fáceis. Poucos são os obstáculos. Os recursos externos são plenamente disponíveis. Mas não é de saudades de nossa escola que quero falar. É que nesta terça-feira me veio a informação de que a economia brasileira pelo terceiro trimestre consecutivo se repetiu e não cresceu. O Produto Interno Bruto, o PIB, que é a soma de todas as riquezas produzidas em bem e serviços, fez igual relho velho em casa de vaqueiro. De tanto bater no lombo do burro e depois ficar pendurado, encolheu. Encarquilhou. 

Ficou em 1,7% no trimestre e no ano, que é daqui a pouco, 3,2%. E isso me faz lembrar alguns colegas daquele distante ano de 1965, no Grupo Escolar Epaminondas Castelo Branco. Colegas que passavam o ano inteiro brincando, intimando uns com os outros em sala de aula, jogando bola, peteca e pião. Brigando e se dando de valentes. Outros faziam pior, gazeavam aula. Iam roubar mangas nos quintais das casas vizinhas e se esqueciam dos cadernos. Esqueciam as provas. Esqueciam que o tempo estava passando.

Eram aqueles estudantes que não criavam reservas. Não acumulavam boas notas. Viviam sempre na e pra brincadeira. Achavam que a vida seria sempre aquela de crianças peraltas. Hoje estão por aí. Ás vezes encontro muitos deles. Já não passa mais na lembrança aquele viço da infância onde tudo parece que nunca vai acabar. Estão velhos e de cabelos brancos. Pouco eles fizeram na vida. Foi o que deu pra fazer com o que acumularam.

Assim está esta equipe econômica e este governo do PT. Agora quer fazer igual antigos colegas e amigos de grupo escolar. Recuperar dentro de poucos dias aquilo que não souberam fazer ou as traquinices não deixaram. Esta equipe da presidente Dilma Rousseff está agora fazendo de um tudo pra ver se ainda dá tempo se salvar e não levar pau e ser reprovada. Mas eu acredito que a uma altura dessas é melhor largar de mão. O ano está perdido. Quem já perdeu três perde quatro. Dentro de poucos dias, mais pertinho do Natal, o governo vai entrar na sua casa e lhe entregar um boletim cheio de notas vermelhas. Vamos repetir o ano porque este já era.

Pádua Marques é Escritor e Jornalista

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