Dois viajantes
perderam-se no caminho, e depois de muito terem andado, chegaram a uma terra
desconhecida. Os guardas da fronteira os prenderam e levaram à presença do rei.
Guardas, rei, todos na terra eram macacos. O que vos parece de mim e do meu
povo? perguntou-lhes o rei depois dos primeiros cortejos. — Senhor, disse um
dos viajantes, facilmente se vê que sois o magnânimo rei de um povo generoso e
ilustrado. O rei sorriu-se benigno. Senhor, disse o outro, basta ter olhos para
ver que vosso povo se compõe de macacos, e tudo, até esse feio rabo que ali se
enrosca detrás de vosso trono, diz que também sois macacos. Tanto bastou para
que os guardas do rei caíssem sobre o indiscreto, e o esquartejassem; o outro
foi muito agasalhado, e retirou-se cheio de presentes.
MORALIDADE: A
verdade irrita os poderosos, a mentira é por eles bem acolhida.
Fonte: ROCHA,
Justiniano José da. Fábulas (imitadas de
Esopo e La Fontaine)