Bom dia Leitores amigos, nessa semana apresentaremos o livro "Eu e Outras poesias" de Augusto dos Anjos.
A obra Eu, único livro de Augusto dos Anjos, foi editada pela primeira vez em 1912. Outras Poesias
acrescentaram-se às edições posteriores. Na primeira edição, a capa
branca exibia o título com grandes e vermelhas maiúsculas impressas no
centro. No alto, as letras pretas com o nome do autor e, em baixo,
cidade, Rio de Janeiro, e data, 1912. Falecido o poeta em 1914, Órris
Soares reuniu à coletânea original (Eu) a produção recente de Augusto dos Anjos, incluindo mesmo um poema inacabado, A Meretriz. A Imprensa Oficial do Estado da Paraíba editou, em 1920, Eu e Outras Poesias,
prefaciado pelo organizador. Augusto dos Anjos assombrou a elite
letrada do país com seus versos que não eram parnasianos, nem
antecipavam o modernismo. Eram apenas seus. E tamanha era a putrefação
que seus versos representavam que, ainda hoje, ele é inclassificável em
uma escola, e admirado como um poeta original. Considerado pelo público e
pela critica, habituados á elegância parnasiana, um livro de mau gosto,
malcriado, alguns dos poemas de Eu são vistos como os mais
estranhos de toda a nossa literatura, por vários motivos. Dentre eles,
ressaltamos o vocabulário pouco comum, repleto de palavras com forte
carga cientificista; a multiplicidade de influências literárias que
recebe, tornando difícil, se não impossível, sua classificação
estilística e principalmente o desespero radical com que tematiza o fim
de todas as ilusões românticas, a fatalidade da morte como apodrecimento
inexorável do corpo, a visão do cosmos em seu processo irreversível de
demolição de valores e sonhos humanos.
Transformado em catecismo pelos pessimistas e em bíblia dos azarados e malditos, o livro Eu
é de uma instigante popularidade, resistente a todos os modismo,
impermeável às retaliações da crítica e aos vermes do tempo. Foi o poeta
mais original de nossa literatura.
As leitura precoces de
Darwin, Haeckel, Lamarck e outros, feitas na biblioteca de seu pai,
fundamentaram a postura existencial do poeta; a adesão ao Evolucionismo
de Darwin e Spencer e a angústia funda, leta, ante a fatalidade que
arrasta toda a carne para a decomposição. Fundem-se a visão cósmica e o
desespero radical, produzindo uma poesia violenta e nova na língua
portuguesa. Temos, portanto, em Eu e outras poesias, além da
linguagem científica e extravagante, a temática do vazio da coisas (o
nada) e a morte (finitude da vida) em seus estágios mais degradados: a
putrefação, a decomposição da matéria. Simultaneamente, reflete em seus
versos a profunda melancolia, a descrença e o pessimismo frente ao ser e
à sociedade, elaborando, assim, uma poesia de negação: nega as falsas
ideologias, a corrupção, os amores fúteis e as paixões transitórias.
Fonte: Passei Web
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