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Artigo | Construindo um Vaticano no deserto - Pádua Marques

Os estrategistas de consumo, principalmente esses que vem instalar grandes empreendimentos comerciais em Parnaíba, precisam e urgente se reciclar, capacitar enfim, reavaliar seus conceitos sobre mercado de varejo na atualidade e mais ainda numa situação de crise econômica ao que se imagina de longa duração. Digo isso pra abrir uma discussão sobre uma situação que me vem deixando inquieto e encabulado faz uma boa pá de tempo aqui em Parnaíba.

Mas é que em Parnaíba tudo tem de ser diferente. Faz parte dessa mania de querer ser de qualquer jeito mesmo tendo que ser esquisito. Se a gente parar pra observar algumas coisas que acontecem, só acontecem nessa Parnaíba. Parece assim uma coisa de ralo de banheiro e pra onde a água servida tem necessariamente de correr. E o pior é que os parnaibanos se acostumaram a essas coisas, aos olhos de outros, tidas e havidas como extraordinárias, excêntricas mesmo. Mas aqui são tratadas como as mais naturais deste mundo.

Há menos de três anos se instalava através de um grupo empresarial de Teresina, um shopping center na avenida São Sebastião, o maior corredor de alto padrão em consumo e onde está instalado o grosso, o chamado tutano da atividade comercial depois do centro velho. É nessa avenida e nas suas proximidades onde está a chamada classe média alta, aquela que tem dinheiro na burra e carros na garagem, viaja de avião, conhece outros lugares e consome essas quinquilharias eletrônicas de última geração.

Demorou um pouco a ser inaugurado o shopping center. Muita gente que ficou esperando pra ver já estava até voltando pra casa. Mas valeu a pena. Hoje, nesse Natal de 2015, tirando a crise que se abateu no comércio em geral, ainda é lugar preferido de muita gente, principalmente os mais jovens, esse pessoal que sai à noite pra ver e ser visto ou pra comer hambúrguer com batatas fritas, beber Coca-Cola e assistir filmes com aqueles óculos esquisitos.

Agora vamos pro outro lado da cidade e da situação. Quase na mesma época da construção deste shopping da avenida São Sebastião, que ao que tudo indica está dando certo e no lugar certo, foi iniciada a construção de outro por outro grupo empresarial, também de Teresina. Dessa vez no distante bairro João XXIII, na zona leste. Do aeroporto pra uma banda, já na saída pra região de praias, num lugar completamente desabitado e cuja pouca população existente não tem ainda o perfil de consumo pra um shopping center.

Pelo visto essa população consumista que anda por lá nessa época de Natal e outras épocas não tem feito justiça ao empreendimento, por sinal de muito bom gosto arquitetônico. Pelo que se diz, aquele shopping center anda às moscas. Pelo que se conta aquele shopping center mais parece um anexo da prefeitura de Parnaíba de tanto que é de repartição pública lá instalada. Eu não conhecia esta estratégia moderna pra administração de shoppings centers no mundo. Essa pra mim é nova. Mas o que foi que houve? Porque ninguém vai pra o shopping center do bairro João XXIII? O que foi que levou esse pessoal a acreditar no sucesso desse empreendimento naquele fim de mundo?

O que é que lá não tem ou deixa de ter? Será que o tão esperado shopping center dos camelôs, promessa de Florentino Neto, vai, quando sair um dia do papel, passar uma rasteira baiana no shopping do João XXIII? É agora que entra aquela história de construir um Vaticano no meio do deserto. Quem meteu na cabeça do Papa Francisco que daria certo construir um Vaticano no meio do Deserto do Saara, das duas, uma: ou estava agindo de má fé ou estava de olho na conversão em massa dos muçulmanos a longo prazo.

Pádua Marques - Escritor e Jornalista


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