Quando a gente estava se levantando da cadeira em frente da televisão depois de ter assistido por meses e meses pelo Jornal Nacional a queda anunciada da presidente Dilma Rousseff, lá vem outra notícia paralisante numa manhã de segunda-feira: a morte de Cauby Peixoto, um dos maiores intérpretes da música popular brasileira no entremeio da primeira pra segunda metade do século XX.
Sobre ele, homem e artista, sua performance no palco, as amizades de décadas e os poucos fãs sobreviventes, os críticos ainda vão levar uma pá de tempo pra entenderem como foi criado e como se manteve. O Cauby Peixoto artista nasceu e se projetou no cenário musical brasileiro ainda na época do rádio e de rádio só mesmo o Jaime Lins pra esmiuçar a vida desse pessoal como ninguém soube fazer até hoje.

Este artista da música popular brasileira que gostava e até exagerava na roupa de palco, deixou marcante a interpretação de “Conceição”, que segundo consta, vivia no morro a sonhar com coisas que o morro não tinha. Foi então que apareceu por lá um alguém que lhe cochichou no pé do ouvido e a sorrir que descendo a cidade ela iria subir. E subiu. E subiu. Todo mundo viu a Conceição subindo. Subiu mais que o Sete Estrelas. Mudou até de nome, andou e atravessou por caminhos estranhos e se juntou com gente mais estranha ainda.
A vida da estudante, ativista política, economista e finalmente presidente Dilma Rousseff é a materialização mais real dessa Conceição com apenas alguns pontos de diferença. A Conceição, interpretada na voz inconfundível do cantor niteroiense, pelo que descreve a letra, é uma moça favelada, analfabeta, sem cobertura do Bolsa Família e do Minha Casa, Minha Vida. Mas se ilude com o que lhe acena lá embaixo no asfalto a vida de fama e fortuna.
Dilma Rousseff foi diferente. Mas até que seguiu rente à letra do gaúcho Lupicínio Rodrigues. Menina nascida numa família de classe média em Belo Horizonte, filha de um escritor, gente mais ou menos. Na faculdade se envolve com o movimento estudantil e parte pra militância. Vai presa, entra no camburão, toca piano na delegacia, é torturada no pau de arara, sofre o diabo! Com a queda do regime militar retoma sua vida. Mais lá na frente conhece o Lula e o PT. Foi a sopa no mel! Dilma se encantou com toda aquela conversa de poder e com tudo aquilo que dá pra fazer com ele. Agora depois da queda daria um milhão pra ser outra vez igual a essa tal de Conceição.
Pádua Marques - Escritor e Jornalista.
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