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Amálgama | A tragédia das eleições municipais - por Wellisson Santos


             
O fator Covid-19 será tratado como algo bem compreendido por todos, no que se refere aos seus impactos nas eleições municipais deste ano. (cometo um grande pecado aqui, sei bem). Tratarei de analisar as eleições municipais, em especial como ocorre em grande parte das pequenas cidades nordestinas. Assim farei por ser o ambiente em que tenho propriedade para discorrer. Toda a algazarra que conhecemos por tradição, os inusitados jingles, o deboche escancarado entre oposição – situação, a população dividindo-se, as discussões acaloradas; quando não, a própria violência física e verbal. Temos mais que ciência disto tudo. Mas, quero me ater ao polêmico assunto da compra de voto. 

A compra de votos nas cidades de pequeno porte no Nordeste é uma realidade apreendida por todos. Todos sabem, infelizmente, que durante a campanha ocorre a famigerada compra de voto e troca de favores. E não só aquela típica compra em que o candidato oferece dinheiro, seja qual for a quantia, ou objetos de valor estimável pelo eleitor. É uma tradição, quando chegam as eleições municipais o eleitorado já aguarda aquela famosa visita que ocorre de quatro em quatro anos para saberem o que será oferecido. Em geral emprego na prefeitura, algum cargo comissionado, ou aquele apoio futuro em situações de carência. Isto é, quando precisar: de uma consulta, viagem, mudança, dinheiro para pagar uma dívida rotineira entre outras banalidades importantes, o candidato encabresta o eleitor com esses tais favores. (REFERÊNCIA

Esse sistema é quase um leviatã hobbesiano. Se retroalimenta a cada ano eleitoral e perpetua no poder os menos capazes de gerir a máquina pública. Aqui está o link para o seguinte fato (talvez o mais polêmico.) Os indivíduos que estão e chegam a ocupar uma cadeira na câmara dos vereadores ou ao cargo de prefeito, são, na esmagadora maioria, indivíduos de famílias tradicionais e que nada representam o anseio popular. São frutos do tão conhecido coronelismo. Sim, coronelismo. Repare para as famílias tradicionais de uma cidade de pequeno porte e encontrará um “velho fazendeiro rico com um quarto das terras do município sob sua tutela” que passou adiante e adiante e adiante até que, por “mera coincidência, sua cidade fora emancipada e o tal velho foi um dos primeiros prefeitos, e a veia política prossegue até chegar aos dias atuais onde noventa por cento da câmara é da elite tradicionalista e o cargo de prefeito também. 

Existem exceções, claro. Mas um argumento não tem tanta validade se se baseia tão somente em uma exceção. Mas a pergunta que não quer calar é: porque tais pessoas conseguem se perpetuar no poder municipal¿ A resposta pode ofender a alguns. Perdoem – me desde já. E o mais atento leitor irá me condenar por generalização. Ocorre que, incorrerei ao risco da ofensa bem como Jordan Peterson. A resposta à pergunta acima é simples: na esfera municipal, especificamente no ambiente em que citei acima, o eleitorado, embora carente e em situação de vulnerabilidade social, não deseja votar em alguém que represente sua mesma situação. Sendo claro, pobre não quer votar em pobre. Mas existe o porquê e é ainda mais polêmico. É aqui onde entra o tal complexo do vira-lata de Nelson Rodrigues. O eleitor, sob o prisma que construí, deseja votar em alguém que demonstre superioridade financeira e social. Deseja votar em alguém em condições melhores que as suas. É assim que ocorre, infelizmente. É uma necessidade de estimar a quem os desprezam, algo como a relação vassalo e lorde. É um estado de inconsciente coletivo masoquista. Se estas palavras foram demasiadamente duras, perdoem – me. Haverá mais. Mas não hoje. Esse pequeno artigo pode ser chamado, por alguns, de apenas achismo vago sem referências. No entanto, é a pura observação da realidade. Com isso, não espero estar mostrando algo extremamente novo. Não, é algo óbvio, mas não muito dito.  


Wellisson Santos, psicólogo, Buritiense adotado, 25 anos, apreciador de todas as artes, da primeira à sétima; em especial àquela que é "a virtude das coisas inúteis". 

Mais sobre o autor (AQUI)






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