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Amálgama | Do destino à outras dores - por Wellisson Santos

imagem: Google

A superação do destino é o fator responsável por todo o consumo de energia do meu corpo nesses últimos meses ou anos. Era um caso encerrado, eu tinha mesmo comprado a crença de que a liberdade, sem reservas, é totalmente concebível. Até esbarrar numa pessoa que deslocou – me da confortável orbita cotidiana que gerenciava minha conduta. Bom, essa pessoa confrontava-me sempre que podia, ou seja, a todo momento. Pois passei a conviver vinte quatro horas do dia com ela. Palavras como; sorte, destino, sina, me eram por demais dolorosas. Pois eu sentia que elas me enclausuravam numa moldura. Em contrapartida, quando passei a ler sobre o existencialismo europeu, aliviei-me. Ali eu lançara meu fardo. A vida era mesmo, de fato, um produto nunca acabado. Os infinitivos eram minhas paixões mais avassaladoras, seguidos, claro, dos gerúndios. Afinal, uma coisa eu tinha aprendido, eu estava SENDO e não PRONTO, como no fatalismo ou no cruel modo de ver a vida do behaviorismo clássico. E, voltando a questão da superação, que, por sinal ainda permanece flutuando sobre meu peito, pus em xeque quando ouvi: “a liberdade é o reconhecimento das limitações”. Isto quebrantou meu espírito a tal ponto que empreendi esforços abissais na busca do reconhecimento do que me limitava. Ou melhor, do que me limita. A bem da verdade, há incontáveis limitações no cerne humano. E as maiores eu diria, são as coisas ou fatos sobre nós que não escolhemos. E, de resto, “tudo o que procuramos colher resiste-nos; tudo tem uma vontade hostil que é preciso vencer.” Nas doces palavras de Schopenhauer. Em suma, muita gente nunca consegue lidar com tais coisas ou fatos. Eu, não obstante, lido diariamente crendo que seja a melhor forma de ser livre. Reconhecer as limitações. Aceitar incondicionalmente tais fatos ou, simplesmente, o fato da resistência do mundo. Mas é reconhecer a tal ponto de planar sobre elas em nossa lida. Como um velho caminho que passamos todos os dias e conhecemos todos os becos de saem dele, as casas de sua margem, as pedras da pavimentação. Esse tipo de coisa. Em última instância, vejo a autotranscedência como uma obrigação que devemos nos impor caso queiramos untar unguento sobre a ferida da existência. E a apreendo claramente no comentário que, assistindo a uma aula do professor Rodrigo Gurgel, pude vislumbrar. Ele tecia sobre a forma tradicional de lavrar versos, em especial, falava do soneto. Dizia algo mais ou menos assim: “a mente humana tende a se superar ante o limite imposto. Você tem quatorze versos e, caso escolha decassílabos, dez sílabas poéticas em cada um destes”. Eis os limites. Bem, poderíamos escolher rimas pobres, raras ou versos brancos. De todo modo, quem tem de escrever somos nós. Mas, com certeza, não fomos nós que criamos essas “regras” ou limites. Dentro daquilo que não escolhemos temos a escolha de preencher, e, nesse sentido, a liberdade está em lavrar belos ou ruins versos. Seja como for, estaremos escrevendo. E é nisto onde reside a beleza e por fim a liberdade. 

Wellisson Santos, psicólogo, Buritiense adotado, 25 anos, apreciador de todas as artes, da primeira à sétima; em especial àquela que é "a virtude das coisas inúteis". 

Mais sobre o autor (AQUI)








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