De alguma forma que eu não sei explicar encontrei uma trilha no meio da selva tenebrosa. Não era a estrada que eu conhecia, mas quando se está perdido qualquer caminho serve. E segui cautelosamente rumo a destino incerto quando encontro um leão bloqueando o caminho e, para meu espanto, ele diz:
- Alto! Essa trilha é proibida para você, não pode passar por aqui!
Após alguns segundos de terror na expectativa que a fera pudesse me devorar, reuni coragem e, com tom firme, disse:
- Não é verdade: você mesmo, animal das savanas, é uma mentira que não deveria estar nesta selva!
Imediatamente o leão desapareceu e segui o caminho que não era meu, mas para algum lugar me levaria. As palavras da fera acenderam a curiosidade: proibido, por quê? O que encontrarei no fim desta jornada? Absorto em pensamentos, eu não percebi logo adiante outra fera bloqueando o caminho: um enorme crocodilo (jacaré) anunciava o mesmo aviso que o leão havia me dado:
- Alto! Essa trilha é proibida para você, não pode passar por aqui!
O animal estava com suas enormes mandíbulas abertas e calculei que seria muito fácil para ele me devorar caso eu tentasse seguir caminho adiante. Olhei o ambiente ao redor e, com tom firme, disse:
- Não é verdade: você mesmo, animal das águas e pântanos, está muito distante do seu habitat, pois não existe água aqui por perto!
Imediatamente o crocodilo (jacaré) desapareceu e prossegui pela trilha que a cada curva representava uma expectativa: o que encontraria nesta selva tenebrosa e surpreendente? Não parecia ser o mais importante naquele momento, mas eu queria saber o nome daquele lugar; qualquer localização, por mais imprecisa que fosse, ajudaria.
Caminhei um bom pedaço da trilha sem surpresas até que cheguei a uma velha choupana onde avistei um homem apontando um rifle em minha direção. Por saber o que ele iria falar, tomei primeiro a palavra:
- Sei que essa trilha não é permitida para mim, mas gostaria de saber por quê.
- Basta que você saiba que ela é proibida, é o bastante! – disse o homem.
- Eu não entendo... diga-me por que este caminho é proibido para mim!
- Tudo o que eu posso dizer é que este não é o caminho que você procura. Não sei como passou pelas feras, mas por mim não passará. Ordeno que volte!
- Para onde? – perguntei, cada vez mais confuso.
- Este é problema seu: se você não sabe de onde veio, não pode saber para onde vai! Já falei mais do que deveria, vá embora ou atiro!
O homem ajeitou o rifle e fez a mira, então resolvi voltar, mas as feras estavam logo atrás de mim.
- De onde surgiram? – perguntei assustado.
- Agora não pode mais voltar. Se tentar será devorado e desta vez não importa o artifício que use, nós atacaremos! – disse o leão, enquanto o crocodilo (jacaré) salivava.
Não poderia seguir em frente, tampouco retornar e não sabia o que fazer! Ah, se eu tivesse asas para tentar o céu! Então corri para o coração da selva, no meio do mato e de repente me vejo diante de um precipício. Lá embaixo um filete de água que poderia ser um rio. Com medo de altura logo recuei, mas a poucos metros estavam parados o homem, o leão e o crocodilo. O rifle do homem continuava apontado para mim, o leão rugia e quanto ao crocodilo é impossível prever suas reações, animais traiçoeiros!
- Agora você tem apenas essa opção! – gritou o homem.
- E se eu não a quiser? Sempre há outras opções! – o meu grito transmitia pavor.
- Sim, então escolha: ou você salta ou tenta passar por nós. Qualquer que seja a sua escolha você estará sozinho, entendeu? Sozinho! Você fez tudo errado, ajeite-se sozinho daqui para frente! – gritou o homem e esta foi a última coisa que eu ouvi.
Terra dos Pesadelos, noite de 13 para 14 de Janeiro de 2012.
por Jaime Guimarães
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