Caso pague a conta d’água que lhe chegou anteontem, dona Maria Eliza Neta, 40, terá no bolso somente R$ 30,57 para todas as outras despesas da casa onde mora, sozinha, no bairro Jardim das Oliveiras. O susto foi grande ao abrir a fatura da Companhia de Água e Esgoto (Cagece), cujo valor sofreu um aumento de 2.245% em relação ao mês anterior após uma mudança no método de cálculo da tarifa. “Sempre deu entre R$ 14 e R$ 20. Agora veio R$ 469,43. Não foram fazer a leitura (do hidrômetro) e mandaram (a conta) pelo correio. Ganho R$ 500 de salário. Não vou pagar isso”. A promessa é de levar o impasse a algum órgão de defesa do consumidor.
Usuários com reclames similares ao de dona Maria Eliza lotam as lojas de atendimento da Cagece há, pelo menos, três dias em busca de explicações sobre o porquê de aumentos exorbitantes. No fim da tarde de ontem, aproximadamente 50 pessoas enchiam o posto do Shopping Avenida. “Em janeiro, veio R$ 143,83. Agora veio R$ 327,74. Mas teve vizinha minha que deu R$ 3 mil”, denunciava a pensionista Francisca Ferreira Santana, 61, moradora da Aldeota. O inchaço no boleto da Cagece foi de 128%. “Pior que a gente tem que pagar, né? Senão, fica sem água”, lamentou.
É como já está o autônomo Antônio Plácido Barbosa, 42, cuja conta foi inflacionada em 1.466%. Saltou de R$ 30 no mês passado para R$ 470 agora. Ele vive com o pai na Jurema, na Caucaia, e diz não ter condições de arcar com um reajuste tão alto. “Dois técnicos foram lá ver se era vazamento. Viram que não tinha. Como me recusei a pagar, cortaram (o abastecimento). Mas não justifica, rapaz! A casa passa o dia todo fechada e não tem como dar isso tudo. Não paguei e não pago nem se for parcelado. Vou na Justiça.” Para o banho e outras necessidades domésticas, seu Antônio compra água. “Dou R$ 10 prum menino e ele me enche um tambor de 200 litros. Todo dia é R$ 10.”
Revoltada também estava a autônoma Ana Cláudia Oliveira, 37. Ela vive na Aldeota com outras seis pessoas e teve a conta acrescida em 93% (de R$ 47,94 para R$ 91,42). “E não teve aumento de consumo nem o tanto de gente em casa aumentou”, justificava
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