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Pedreiro de Cubatão procura R$ 2.750 perdido na chuva para voltar a PE

Desde a última sexta-feira, o pedreiro José Damião Sobrinho, 57, procura uma sacola de plástico azul em armários, gavetas e móveis tomados pela lama que invadiu sua casa após uma forte chuva em Cubatão (Baixada Santista).

O pacote guarda R$ 2.750 e seu maior sonho: voltar para a terra natal, Pesqueira (PE).

"Eu ia me mudar de vez no São João, e todo o dinheiro que juntei ficou aqui. A água chegou até o teto e as coisas mudaram de lugar. A sacola não está no armário", diz Damião, com lágrimas nos olhos.

O périplo do pedreiro começou por volta das 17h da última sexta-feira. A chuva deixou 315 desabrigados na cidade, segundo a prefeitura.

Damião estava trabalhando quando recebeu uma ligação da filha avisando que a água subia depressa no bairro de Água Fria. A área margeia o rio Pilões, cujo nível subiu mais de dois metros.

Sem conseguir passar pela rua que dá acesso ao bairro nem a nado, devido à forte correnteza, Damião subiu uma encosta e caminhou 50 minutos pela mata, sozinho.

Quando estava em frente à sua casa, do lado oposto da rua, a terra que estava sob seus pés deslizou. Caiu em cima do telhado da casa de um vizinho, já desocupada. A água chegava quase ao teto.

Ferido nos braços e nas pernas, não conseguiu atravessar a rua. Após avistar duas filhas e os maridos delas no muro da casa e verificar que estavam bem, o pacote com o dinheiro passou a ser sua única preocupação.

Por volta das 21h30, quando a água baixou, o pedreiro entrou em casa atrás da sacola, mas não encontrou.

Damião já procurou em meio a roupas, panelas e cômodas. Acha que o dinheiro pode ter flutuado e ficado preso a algum objeto.
Ainda há dois montes de lama na casa onde ele vai procurar. "Estou caçando." Até ontem, nem havia dormido.

O pedreiro ficou decepcionado anteontem, quando avistou um travesseiro seu a cerca de 50 metros de casa.
Mas, segue convicto de que o dinheiro não tomou o mesmo rumo. "Era menor, acho que não iria tão longe."

Nas três casas da família que ocupam o terreno, o prejuízo foi grande.

Ficaram totalmente submersos três computadores, quatro TVs, camas, colchões e geladeiras.
calças e camisas

Damião perdeu ainda 27 calças jeans e 14 camisas, ainda com etiqueta, que comprou para revender na sua cidade.

A vontade de voltar para sua terra existiu nos dez anos em que mora em Cubatão, mas aumentou há três, quando se separou da mulher.

"A gente vive no mesmo terreno, mas ela não fala comigo. Então, eu quero voltar. A vida assim é muito sofrida."
Folha de São Paulo