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Verso e Prosa com Atevaldo - Sobre pessoas e pedras

Guardo uma uma herança estranha do lugar onde nasci.
O incomum hábito de falar com as coisas.
É que em Chaval, lugar onde nasci, as coisas tem vida e falam.
Quantas conversas tive com um pé de "mata fome" em frente a minha casa.
Lá as pessoas e as coisas se confundem.
No meio das coisas, as pedras.

Lá não existem canaviais, montanhas, mar de altas ondas, densas florestas...
Tão úteis à poesia.
O que existem são as coisas misturadas.
O sol é amarelo alaranjado, quando nasce,
E vai ficando amarelo-claro, quase branco, conforme vai subindo.
Quando está quase entrando novamente no chão de onde veio
Pinta tudo de vermelho, vermelho sem força, com pouca tinta.

As pedras cruzam o nosso caminho, que é da natureza das pedras.
Porém não ficam estáticas, nos cumprimentam e passam.
São parecidas com gente, nossas conhecidas ou parentes.
Tem até nome, de tão gente que são.
Pedra da visagem, pedra do calango, pedra do meio, pedra da gruta...
São tantas que o poema não cabe todas.
Mas ficam aqui, no meu coração, misturadas
Em meio a parentes, amigos e amores que já se foram.

Escrito por Atevaldo Rodrigues
"Chavalense, Escrevo alguma coisa, mas sou melhor como leitor do que como escritor. Gosto de música. Gosto de cinema. Gosto mais do sertão do que da cidade."
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