Morreu no último dia 23
(fevereiro, 2014) aos 72 anos, José Adonias Rodrigues, residia em Oiticica,
zona rural de Granja/CE. Morava com sua esposa Francisca, a qual debilitada de
saúde, não pode socorrê-lo, quando ele teve um ataque cardíaco na noite de
sábado. Adonias foi encontrado na manhã seguinte agonizando no quarto.
A morte de José Adonias não
renderá capa na Revista Veja; não
será matéria no Jornal Nacional,
tampouco será documentário da CNN.
Adonias não foi presidente, ditador, rei nem jogador de futebol; não escreveu
livros; não foi inventor, ator... Não ganhou Nobel. José Adonias Rodrigues foi
muleiro (moleiro) e sua vida não será contada nos livros de história
Quando as estradas eram, apenas
veredas, ele surgia com seu lote de mulas, levantando poeira na terra batida.
Trazia da Serra de tudo um pouco: rapadura, cachaça, coco, utensílio de couro e
palha, etc. E levava daqui outros mantimentos: feijão, farinha, milho, etc.
Sua robustez era visível quando
carregava ou descarregava suas mulas. Tinha um porte atlético invejável, barba
feito, bigode aparado, chapéu country
e sempre com sua afiada faca peixeira no cós da calça jeans. No entanto, também era perceptível seu lado cômico e
hilário, quando ele narrava as histórias de suas andanças sertão adentro.
As histórias de José Adonias não
serão reproduzidas e a vida dele não será tema de filme algum. Não deixou
descendentes e em breve pouquíssimas pessoas lembrarão-se dele, não saberão da
sua coragem, da sua força ou que fazia... Quem era. Ao ponto chegará a que seu
túmulo cinzento nada representará.
Idas e vindas. Chegadas e
partidas. A vida, em sua significância, cessará ao riso da morte. Paradoxo?
Simetria? ‘Eis do pó e ao pó retornarás’
Marcello Silva.
Fazenda Poção - Chaval/CE, 06 de março de 2014.
In memoriam José
Adonias Rodrigues