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Poesia de Quinta | O mais antigo poema de amor

Querido leitores, a série de postagens "Poesia de Quinta" vai vir ao ar toda quinta-feira, trazendo poesia e informações sobre o mundo poético. Sugestões e comentários dos leitores serão bem vindos.

Vamos iniciar com o mais antigo poema de amor com idade de , aproximadamente, 2 mil anos a.C

Com seis centímetros de largura e dez cm de altura, o poema de amor mais antigo já encontrado cabe na palma da mão. As 29 linhas, em escrita cuneiforme, foram desenhadas sobre uma tabuleta de argila e resistem por mais de quatro mil anos. 

A tábua cuneiforme, em exposição no Museu Arqueológico de Istambul, foi encontrada em 1880, em Nippur, uma área que hoje é o Iraque. Foi traduzida por Samuel Noah Kramer por volta de 1950. Durante muitos anos esteve esquecida em um canto modesto do museu até ser colocado em evidencia por uma empresa publicitária em comemoração ao Dia dos Namorados. Hoje, é o centro das atenções dos turistas que visitam o espaço.

O poema, que remonta 2.025 a.C, foi feito para o Rei Shu Sin (2037 a 2029 a.C) quarto governante da terceira dinastia de Ur. Segundo historiadores, as palavras de amor foram feitas para celebrar o casamento entre o Rei e a deusa suméria do amor e da fertilidade, Inanna, representada por uma sacerdotisa. Durante o festejo, o poema teria sido entoado como forma de celebrar a união divina. O ritual acontecia no início de um novo ano na Mesopotâmia, que cai em torno do equinócio de primavera.

Até hoje, não se sabe quem foi o autor, um dos primeiros a expressar o sentimento em palavras. Pelo que parece irá permanecer como um mistério assim como o assunto que o poema trata: o amor

POEMA AO REI SHU-SIN2

Noivo, caro ao meu coração,
Agradável é a tua beleza, doce mel,
Leão, caro ao meu coração,
Agradável é a tua beleza, doce mel.
Tu cativaste-me, deixa-me permanecer tremente perante ti,
Noivo, eu deixaria que me levasses para o quarto,
Tu cativaste-me, deixa-me permanecer tremente perante ti,
Leão, eu deixaria que me levasses para o quarto.
Noivo, deixa que te acaricie,
A minha preciosa carícia é mais saborosa do que o mel,
No quarto o mel corre,
Desfrutamos a tua agradável beleza,
Leão, deixa-me acariciar-te,
A minha carícia amorosa é mais saborosa do que o mel,
Noivo, tu de mim tomaste o teu prazer,
Diz isto a minha mãe, ela far-te-á gentilezas,
O meu pai, ele dar-te-á presentes.
O teu espírito, eu sei onde recrear o teu espírito,
Noivo, dorme na nossa casa até ao amanhecer,
O teu coração, eu sei como alegrar o teu coração,
Leão, durmamos juntos em nossa casa até ao amanhecer.
Tu, porque me amas,
Dá-me o favor das tuas carícias,
Meu senhor deus, meu senhor protetor,
Meu Shu-Sin que alegra o coração de Enlil,
Dá-me o favor das tuas carícias.
Teu lugar agradável como mel,por favor estende a tua mão sobre ele, 
Traz a tua mão sobre ele como um manto gishban 
Cola tua mão como uma taça sobre ele como um traje gishban-sikin 

2 Shu-Sin foi rei da Suméria e Akkad , e foi o penúltimo rei da III dinastia de Ur. Ele sucedeu seu irmão Amar-Sin, e reinou por volta de 1972-1964 aC. Do mesmo modo que seu irmão de Amar-Sin ele também se tinha divinizado. Shu–Sim perdeu a Assíria e construiu um muro enorme entre o Tigre e o Eufrates um pouco ao norte da Babilônia, a fim de conter os amorreus. A parede foi de 270 km de comprimento. Ele também fez campanha em Zagros e derrotou uma coalizão de tribos iranianas. Ele tinha amplas relações de comércio com a civilização do Vale do Indo. 

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