Amigos leitores que tenhamos uma quinta-feira iluminada. E para começar bem esse dia vamos poetizar na "Poesia de Quinta". Hoje, vos apresento o "Soneto de Fidelidade" do poetinha (como era carinhosamente chamado) Vinícius de Moraes. A análise é de Virgínia Maria Nuss.
'Na primeira estrofe, o autor realiza uma exaltação ao amor, e ao
mesmo tempo uma promessa de fidelidade a este; note o primeiro e segundo
versos: “De tudo, ao meu amor serei atento, Antes, e com tal zelo, e sempre, [...]”. Também
ocorre a valorização deste sentimento e a atenção ao fato de cuidar
para que ele não diminua diante de quaisquer circunstâncias, mas antes,
que seja sempre engrandecido. “[...] mesmo em face do maior encanto, Dele se encante mais meu pensamento.”
Na segunda estrofe, ele continua mantendo seu sistema silábico, rimas
e ritmo. Vinícius de Moraes enaltece o amor como um sentido para sua
vida vã: “Quero vivê-lo em cada vão momento, E em seu louvor hei de espalhar meu canto”.
A possibilidade de desfrutar tal sentimento gera em si prazer, mesmo
não sendo este algo que lhe traga apenas felicidade, como é possível
notar nos versos: “E rir meu riso e derramar meu pranto, Ao seu pesar ou seu contentamento”.
Na terceira estrofe (primeiro terceto), o sistema de rimas continua
soante e com posicionamento externo, mas a disposição se torna
interpolada com a estrofe posterior (A-C, B-A, C-B), e o ritmo continua
heroico com a mesma marcação (2-4-6-8-10); a qualidade das rimas
continua como raras e permanece a simetria e toda a estrutura das duas
primeiras estrofes. Aqui, ele não prioriza o tempo, mas sim o fim das
coisas, demonstrando sua contrariedade em relação à morte e ao amor: “Quem sabe a morte, angústia de quem vive, Quem sabe a solidão, fim de quem ama”, explicitando sua vontade de que a morte e a solidão não cheguem tão cedo: “E assim, quanto mais tarde me procure”.
Na última estrofe, o poeta expressa seu desejo de vivenciar este sentimento: “Eu possa me dizer do amor (que tive)”, sabendo que tal não durará para sempre: “Que não seja imortal, [...]”, completando o sentido da estrofe anterior: “[...] solidão, fim de quem ama”, mas é imortalizado através de momentos “[...] que seja infinito enquanto dure”.'
Soneto de Fidelidade
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Fonte: Revista Bula/WebArtigo
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