A “Canção do Exílio” de Gonçalves Dias,
texto-matriz, foi produzida no primeiro momento do Romantismo
Brasileiro, época na qual se vivia uma forte onda de nacionalismo, que
se devia ao recente rompimento do Brasil-colônia com Portugal. O poeta
trata, neste sentido, de demonstrar aversão aos valores portugueses e
ressaltar os valores naturais do Brasil.
Apesar de ser um texto de profunda exaltação à pátria, o poema possui
total ausência de adjetivos qualificativos. São os advérbios “lá, cá,
aqui” que nos localizam geograficamente no poema. Formalmente, o poema
apresenta redondilhas maiores (sete sílabas em cada verso) e rimas
oxítonas (lá, cá sabiá), menos na segunda estrofe.
Quando Gonçalves Dias escreveu este poema, cursava Faculdade de
Direito em Coimbra, em Julho de 1843. Vivia, desta forma, um exílio
físico e geográfico. Tradicionalmente, esta é a situação do exílio.
Gonçalves Dias não foi o primeiro a falar de exílio. Nos textos
bíblicos, temos inúmeros relatos referentes a esse assunto. Destacamos
abaixo uma passagem, cantada elo salmista Davi, que refere-se aos judeus
cativos em Babilônia.
O texto bíblico revela a tristeza e o choro dos judeus, que têm seus
instrumentos de música pendurados nos salgueiros, à beira dos rios de
Babilônia. Quando os opressores lhes pedem que cantem uma canção de sua
terra, eles indagam:
“Como entoaremos o cântico do Senhor em terra estranha? (...)
Apegue-se me a língua ao paladar, se me não lembrar de ti, se não
preferir Jerusalém à minha maior alegria”. (Salmos 137:4-6)
A “Canção do Exílio” de Gonçalves Dias inspirou vários poetas de
diversas épocas. Casimiro de Abreu, poeta comtemporâneo de Dias, Compôs
uma “Canção do Exílio” seguindo a mesma temática do texto matriz, apenas
acrescentando ao poema uma referência à sua infância, à figura materna e
substituiu “palmeiras” por “laranjeira"
Canção do Exílio (Gonçalves Dias)
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
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