Quando foi para escola arranjou
“namoradinha”. Era o orgulho do pai: “esse é meu garoto”, “cuidado com suas
cabritas que meu bode está solto”, “é isso ai filhão”. Na telenovela ele via o
galã “pegando” várias garotas... Garotas. Garotas por todo canto, desde os
comerciais de cervejas às amantes de seu pai.
Seu pai podia ter várias
mulheres. Sua mãe só podia ter seu pai. Ficou confuso... Leu a bíblia: “... a
paixão vai arrastar você para o marido, e ele a dominará” (Gn 3,16); mesmo
casado com Rebeca Abraão tomou outra mulher chamada Cetura; por quatorze anos
de serviços Labão deu suas duas filhas, Raquel e Lia, a Jacó. (...)
Aos 13 anos, seu pai o levou a
boate da esquina e pagou a mais experiente prostituta. Afogaram sua inocência.
Ele gostou, voltou outras vezes. Adiante, conquistar era seu ofício. Ele sentia
necessidades de galantear, de provocar sorrisos, gracejos e arrepios na alma
feminina. Seu lema era “pegar e não se apegar”. Seu ego suplicava olhares
feminis, bocas entreabertas implorando beijos... Cheiro de pele. Na arte da
conquista, com seu olhar roubava inocências e incendiava corações; com sua
lábia eloquente persuadia meninas, mulheres e senhoras. Era apenas mais uma
para alimentar seu instinto de macho. Macho Alfa.
Prossegui sua busca tentando
provar para si mesmo que era possível conquistar mais. Ele destruiu namoros,
casamentos e causou intrigas. Conquistou mais... Mais.
Até que um dia se descuidou...
Apaixonou-se. Foi seu fim. Sentiu na pele a dor causada outrora. Chorou,
implorou e pediu amor. Recebeu migalhas...
Hoje é casado, pai de quatro
filhos e o mais fiel dos maridos.
Marcello Silva.
Chaval/CE - 2014
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