Todo mundo conhece histórias de pessoas que, tempos depois de terem
colocado um ponto final no relacionamento, se arrependeram da decisão e
tentaram reatar. A distância física e emocional ajuda a ver as coisas
com mais clareza, mas não é só isso que está por trás da mudança de
opinião, segundo especialistas.
Para Luciano Passianotto,
terapeuta de casal do Cinapsi (Centro Integrado de Neuropsicologia e
Psicologia), de São Paulo (SP), há, também, uma outra perspectiva das
circunstâncias. "E essa nova perspectiva pode levar a enxergar que nem
toda a culpa estava no outro, que poderia ter tido mais tolerância ou
agido de forma diferente em algum momento específico", explica. Caso
essa percepção se some a uma insatisfação com a vida atual, é comum
olhar para trás e se dar conta de que se sentia mais feliz antes do que
agora, sem ninguém.
Para a psicóloga Lígia Baruch, mestre e doutoranda em Psicologia pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), não podemos esquecer que o ser humano está sempre em busca de algo que lhe falte, seja um novo bem de consumo, um emprego, um relacionamento ou uma mudança no seu parceiro. "Há sempre alguma insatisfação que, quando se resolve, só dá lugar à outra busca. E quanto mais imatura e inquieta a pessoa for, mais está suscetível a entrar nesse jogo de insatisfação e busca, que é interminável".
Para a psicóloga Lígia Baruch, mestre e doutoranda em Psicologia pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), não podemos esquecer que o ser humano está sempre em busca de algo que lhe falte, seja um novo bem de consumo, um emprego, um relacionamento ou uma mudança no seu parceiro. "Há sempre alguma insatisfação que, quando se resolve, só dá lugar à outra busca. E quanto mais imatura e inquieta a pessoa for, mais está suscetível a entrar nesse jogo de insatisfação e busca, que é interminável".
A fantasia e a idealização, tão inerentes às relações amorosas,
também contribuem para o arrependimento. "Estar comprometido sempre
parece mais interessante para os solteiros. E vice-versa", diz Lígia.
Se o início de um relacionamento é uma decisão conjunta, a decisão
pelo fim, normalmente, parte de um dos dois, mesmo quando ambos estão
aparentemente em acordo. "Incompatibilidade de ideias, falta de
atenção, rotina sexual e não se achar a prioridade são algumas das
inúmeras razões que fazem as pessoas se sentirem insatisfeitas com a
relação. Mas, normalmente, as projeções de como seria a vida se o
relacionamento acabasse, fantasiosas ou não, pesam muito na hora da
decisão", fala Luciano Passianotto.
Quanto mais idealizada é essa projeção incluindo os benefícios da vida de solteiro, como a ampla oferta de parceiros ou a oportunidade de finalmente conhecer a verdadeira alma gêmea–, maiores são as chances de se arrepender ao notar que o verdadeiro problema não era o relacionamento que acabou. "Os problemas, nesses casos, eram as expectativas em relação ao outro e à vida como um todo", diz o terapeuta.
Ainda segundo Luciano, quando a pessoa decide se separar sem ter certeza sobre seus sentimentos, e após as frustrações da vida de solteiro reconhece o quanto amava o "ex", deve ter muito cuidado para que a fantasia de que a vida de solteiro seria melhor não se torne, agora, inversa, e a pessoa fantasie que reatar é a melhor solução. "O arrependimento pode ser tão leviano quanto o que o levou ao rompimento. Resumindo, em se tratando de amor, a incerteza é uma das piores inimigas", comenta o especialista.
Quanto mais idealizada é essa projeção incluindo os benefícios da vida de solteiro, como a ampla oferta de parceiros ou a oportunidade de finalmente conhecer a verdadeira alma gêmea–, maiores são as chances de se arrepender ao notar que o verdadeiro problema não era o relacionamento que acabou. "Os problemas, nesses casos, eram as expectativas em relação ao outro e à vida como um todo", diz o terapeuta.
Ainda segundo Luciano, quando a pessoa decide se separar sem ter certeza sobre seus sentimentos, e após as frustrações da vida de solteiro reconhece o quanto amava o "ex", deve ter muito cuidado para que a fantasia de que a vida de solteiro seria melhor não se torne, agora, inversa, e a pessoa fantasie que reatar é a melhor solução. "O arrependimento pode ser tão leviano quanto o que o levou ao rompimento. Resumindo, em se tratando de amor, a incerteza é uma das piores inimigas", comenta o especialista.
Reverter é possível
Admitir que tomou uma resolução
equivocada e confessar os sentimentos, sem dúvida, é melhor do que
curtir uma dor de cotovelo regada à frustração. Entretanto, é necessário
tato e bom senso para fazer isso e, principalmente, desvincular a
exposição de sentimentos da possibilidade de retorno.
Nem sempre a outra parte estará disposta a aceitar as justificativas e retomar o romance, mesmo porque pode ter conhecido outra pessoa –aliás, não é raro que o fato de o antigo amor ter encontrado alguém sirva de motivação para arrependimentos tardios.
Nem sempre a outra parte estará disposta a aceitar as justificativas e retomar o romance, mesmo porque pode ter conhecido outra pessoa –aliás, não é raro que o fato de o antigo amor ter encontrado alguém sirva de motivação para arrependimentos tardios.
Também é bom ter em
mente que a outra pessoa possa ter encarado o rompimento como algo
egoísta, e que o desejo de retorno possa ser visto como outra
demonstração de egoísmo. "Ao expor seus sentimentos, esteja ciente que o
abandono machuca e prepare-se para uma retaliação sentimental", diz
Luciano.
O especialista afirma, ainda, que se você sabe que ama uma pessoa e está pensando em separação por conta de algo que não está dando certo, certifique-se de que o problema entre os dois é realmente irreversível, para evitar futuras decepções.
O especialista afirma, ainda, que se você sabe que ama uma pessoa e está pensando em separação por conta de algo que não está dando certo, certifique-se de que o problema entre os dois é realmente irreversível, para evitar futuras decepções.
Não se precipite
De acordo com a psicóloga Marli Kath
Sattler, coordenadora do Domus – Centro de Terapia de Casal e Família,
de Porto Alegre (RS), todo casal tem seu ciclo de vida, que começa com o
apaixonamento. Nessa fase, cada um se esforça para apresentar o seu
melhor e quer enxergar o melhor no outro, também.
A segunda
etapa é caracterizada pela tentativa de ambos se diferenciarem e se
desvincularem do "nós". "É um período de questionar a relação, há um
olhar negativo sobre o relacionamento e sobre o outro. Superado esse
momento, vem a época de estabilidade. Um pode até não gostar de certas
coisas no outro, mas gosta dele", explica a psicóloga. A questão é que
muita gente decide romper ainda na segunda fase, sob o peso do
estranhamento.
"Há um fenômeno que costumo chamar de
'demonização do parceiro' durante a separação. Se isso ocorre, é comum
que as pessoas revejam suas escolhas tempos depois, mesmo que isso
demore meses e até anos", conta Ailton Amélio da Silva, psicólogo, autor
dos livros "Relacionamento Amoroso" (Publifolha) e "O Mapa do Amor"
(Editora Gente) e professor do IP-USP (Instituto de Psicologia da
Universidade de São Paulo).
Em suma, refletir sobre a situação do casal, e sobre os sentimentos que um nutre pelo outro, antes de romper uma relação é a maneira mais eficaz de evitar arrependimentos.
Em suma, refletir sobre a situação do casal, e sobre os sentimentos que um nutre pelo outro, antes de romper uma relação é a maneira mais eficaz de evitar arrependimentos.
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