Apresentamos Paulo Leminski, poeta
paranaense de projeção nacional, pode ser considerado uma figura
emblemática na evolução (ou revolução) da poesia brasileira. Figura
polêmica já devidamente assumida e assimilada pela crítica, até mesmo
por aquela de extração mais acadêmica. Não foi sempre assim... Começou
com os livros Catatau (1979 e Não fosse isso e Era Menos /Não fosse tanto e era quase (1980) em edições do autor. Seguiram-se obras “alternativas” e marginais até as mais comerciais: Caprichos e Relaxos (1983), Matsuó Bashô (1983), Jesus a.C. (1984); Agora é que são elas (1984) e Leon Trotski, a paixão segundo a revolução (estes últimos pela Brasiliense) e, postumamente uma coleção sob o título de La vie em close..., com sucessivas edições, pela mesma editora paulista.
Ironia,
hoje os direitos autores estão reservados ao Espólio. Seja como for,
estamos publicando alguns de seus poemas que julgamos já de domínio
público, considerando que esta é uma edição virtual, sem fins
lucrativos, de divulgação cultural. É uma homenagem ao grande poeta, uma
tentativa de aproximá-lo do público dos internautas e um convite para
que busquem seus livros nas bibliotecas e nas livrarias, para continuar
a leitura de outros textos. Vale sempre a pena quando a alma não é
pequena...
Fica difícil de escolher apenas um de seus poemas, no entanto, apresentaremos o poema "Atraso Pontual". Sem mais comentário... Sinta a autor.
Atraso Pontual
Ontens e hojes, amores e ódio,
adianta consultar o relógio?
Nada poderia ter sido feito,
a não ser o tempo em que foi lógico.
Ninguém nunca chegou atrasado.
Bençãos e desgraças
vem sempre no horário.
Tudo o mais é plágio.
Acaso é este encontro
entre tempo e espaço
mais do que um sonho que eu conto
ou mais um poema que faço?
adianta consultar o relógio?
Nada poderia ter sido feito,
a não ser o tempo em que foi lógico.
Ninguém nunca chegou atrasado.
Bençãos e desgraças
vem sempre no horário.
Tudo o mais é plágio.
Acaso é este encontro
entre tempo e espaço
mais do que um sonho que eu conto
ou mais um poema que faço?
( Paulo Leminski )
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