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Fernando, O Grande | Verso e Prosa com Atevaldo

O Fernando apareceu em Chaval meio por acaso. Integrante de uma banda, das muitas que apareciam por lá, naquele tempo, gostou da cidade e fixou moradia. Arranjou um namoro com a Dona Dina. Moça distinta, diretora de colégio, de família conceituada na cidade. Depois de um tempo, formou sua própria banda, grupo “Incas”, que não deu muito certo, no entanto, já estava enraizado na cidade. Casara com a Dona Dina.

Os ensaios da banda eram no centro comunitário, ao lado do hospital velho. Eu sempre ia ver os ensaios. Se eu ouvia um som de guitarra, interrompia as minhas atividades de matar calango, pegar filhotes de pardal que ainda não voavam direito e corria para o centro comunitário, ia ver o ensaio. Tocavam Beatles, Elvis, Bob Dylan e muitos outros que eu desconhecia, mas gostava de ouvir.

A “era Meireles” estava iniciando, Fernando juntou-se ao grupo e também foi fazer política. A política que eles faziam incluía também tocar violão, jogar volleyball, futsal e beber cachaça. O Meireles era o intelectual do grupo, muito inteligente, vivo, culto, vivaz, fascinava a todos. Fernando era um dos que mais o admirava. O grupo chegou ao poder, tomaram a prefeitura e Fernando tornou-se uma espécie de faz tudo do governo municipal.

Um dia apareceu eufórico com a notícia, nascera seu filho, Patrick, meninão bonito, alvo e com cabeça de europeu, como ele mesmo frisava. Fernando bebia todos os dias. Antes de qualquer atividade, de manhãzinha, ele passava no bar do Zé da Rita e tomava uma terça. Era pra passar a tremedeira, como ele mesmo dizia.

O meu amigo Fernando, tinha um coração enorme, era amigo de todos. Nesse tempo, eu estudava em Parnaíba e vinha todo final de semana para Chaval, tocar na banda de música da prefeitura, era sagrado. Quando o dinheiro da volta faltava, no domingo à noite, passava em sua casa, ou falava com ele, na rua mesmo. Nunca falhou, arranjava-me o dinheiro da passagem e ainda uns trocados para o lanche. Quando ele estava liso, pedia um tempo, conseguia emprestado e mandava deixar na minha casa. Uma vez, quando recebi o salário que ganhava por tocar na banda de música, tentei pagar-lhe os vários empréstimos ao que ele respondeu: "para com isso rapaz, eu sou um homem rico, fique com seu dinheirinho". Eu agradeci e perguntei se podia pelo menos pagar-lhe uma cerveja. "Isso sim, eu aceito."

Escrito por Atevaldo Rodrigues 
Chavalense, Escrevo alguma coisa, mas sou melhor como leitor do que como escritor. Gosto de música. Gosto de cinema. Gosto mais do sertão do que da cidade.







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