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Lino Sapo: o poeta que se reinventou no sertão

Lino Sapo - arquivo pessoal

Andrelino da Silva ou simplesmente Lino Sapo nasceu em 06 de janeiro de 1981, numa escola abandonada no distrito de Cachoeira do Sapo/ Riachuelo/RN. Cresceu no mesmo povoado e estudou na mesma escola que nasceu, só que agora reformada e em atividade. Filho de família de retirantes, era o segundo filho do casal, Aderson e Damiana, que tiveram um total de cinco. Lino Sapo teve seu primeiro contato com o cordel na infância quando balançava seu pai em uma rede, o único letrado, enquanto ele lia em voz alta. 

As histórias do cordel faziam a sua imaginação viajar naquelas aventuras com dragões, cangaceiros e princesas. Quando tinha apenas oito anos seu pai o abandonou junto com toda família e foi embora levando consigo o único leitor da família com a única forma de lazer. Tendo percebido a situação crítica e inconformado com a perda do pai também leitor, Lino Sapo entra na escola com o objetivo de aprender a ler para se debruçar nos livros de cordéis deixado pelo mesmo. Com o objetivo alcançado assumiu a posição de leitor da família. Após os cordéis veio as revistas de Tex e logo mais já estava envolvido com a literatura nacional se debruçando em Machado de Assis, Lima Barreto, Euclides da Cunha.....

Depois de muita leitura desenvolveu a aptidão de escrever, geralmente cartas de amor, nunca entregues, como forma de confidenciar as tristezas causadas pela discriminação social sofrida por ser pobre e negro.

Ainda na adolescência se envolveu com o teatro, quadrilhas matutas e junto com outros jovens da cidade fundaram o grupo de jovens PLUJET ( Paz, Liberdade, União, Juventude, Educação e Trabalho). À frente do grupo começou a escrever a história de Cachoeira do Sapo. Terminou os estudos aos 17 anos e infelizmente por falta de oportunidade permaneceu na sua terra trabalhando no mais diversos trabalhos, entre eles: fazer carvão, bater tijolos, brocar mato, vender dindin e picolé. 

No ano 2000, passou no exército brasileiro onde muito aprendeu sobre a vida, infelizmente não engajou o que era seu sonho e retornou para sua pequena cachoeira. No ano de 2003, teve a segunda mudança em sua vida, foi contratado como servente de pedreiro para trabalhar numa construtora na cidade de Natal, saindo assim de Cachoeira. A construção acontecia dentro do campus universitário da UFRN. Lá, vendo todo aquele universo, fez seu plano de entrar como aluno na universidade. No ano de 2005, passou no concurso para Agente de Saúde na sua comunidade e no mesmo ano passou no vestibular da UFRN para o curso de Biblioteconomia e também ganhou uma bolsa do Prouni para cursar história na UNP, mas não pode ficar com a bolsa por já ter outro vínculo, mesmo assim, custeou seu curso de história com o dinheiro que ganhava e cursou os dois ao mesmo tempo. Como trabalhava em Cachoeira do Sapo que ficava à 95 km de distância de Natal, isso causou mais dificuldades, pelo fato de não haver transportes no horário, sendo assim, Lino Sapo começou a ir de carona e nesse percurso somou 367 caronas durante sua formação. No ano de 2009, terminou ambos os cursos e mais uma vez prestou vestibular e voltou a estudar, dessa vez, letras língua portuguesa na UFRN. Hoje Lino Sapo é bacharel em biblioteconomia, licenciado em História e especialista em Antropologia.

No ano de 2011, lançou seu primeiro livro, Inês, fábula que remonta a origem do nome do seu lugar. No ano de 2012, passou no concurso para bibliotecário da UEPB e começou a residir no estado da Paraíba na cidade de Araruna. No ano de 2015, lançou o livro conhecendo os nomes das cidades do Rio Grande do Norte em um conto, gestado na residência universitária da UFRN, local que ganhou a alcunha de Lino Sapo por ser da Cachoeira do Sapo. No ano de 2016, lançou a coleção caçuá de versos: uma safra de rima no lombo da vida, composta por vinte cordéis dividido em 10 livros. 



Atualmente é editor pessoa física, poeta, escritor, compositor e militante da cultura popular. Atua de forma apaixonada em eventos voltado a cultura popular principalmente a referente à poesia de cordel, ministrando oficinas e declamando em eventos literários. Recentemente tornou-se apresentador do encontro de sanfoneiros realizado anualmente pela pró reitoria de cultura da UEPB. Em 2018, começou a ministrar palestra motivacional, essa, por nome, Do caos à ordem: como sobreviver sendo ninguém, onde conta toda trajetória simples, desde a infância aos dias atuais, descrevendo a importância da leitura e da poesia em sua vida. Lino Sapo tem percorrido com isso escolas, institutos federais, universidades e por último o Exército Brasileiro. Sempre preocupado com as questões sociais e educacionais do país, isso o fez apresentar à câmara municipal de Pedra Preta/RN e de Riachuelo/RN, uma proposta de projeto lei que para cada criança nascida no município um livro fosse comprado, dedicado à criança e incluído no acervo da biblioteca municipal. Em Pedra Preta esse livro seria um cordel. No ano de 2019 construiu na cidade de Pedra Preta, o recanto da poesia e nele o portal da poesia, um arco estilo romano que tem em suas colunas mais de 200 poesias engarrafadas, lacradas e concretadas na base do portal, de 153 poetas de 17 estados brasileiro. 

Fundou no ano 2020 a escola virtual de poetas mirins do recanto da poesia composta por 6 crianças. Também no ano 2020 criou o projeto recanto dos leitores onde incentiva um grupo familiar a ler. Devido seu relevante trabalho prestado à cultura popular, principalmente a literatura de cordel, ganhou o título de cidadão Lajense e tomou posse na academia de cordel do vale do Paraíba, assumindo a cadeira 40 de patrono Firmino Teixeira. No ano de 2021 passou a integrar academia internacional de literatura brasileira de registro oficial 0343. Em sua carreira poética já produziu 35 cordeis e 9 músicas. Dois livros lançado e uma coletânea de cordel com 20 títulos. Lino Sapo é isso, o próprio se define como um brocoió amatutado lá das brenhas do sertão, o mesmo sertão que usa como cenário para sua poesia. Seu lema é, sou sempre a solução, nunca o problema, e assim vai de versos em versos fazendo um mundo diferente e melhor. 
Foto: Arquivo pessoal


Quando perguntado sobre o que é poesia nordestina (poesia popular) ele é enfático em responder:  

"Pra mim uma questão de identidade, algo abstrato que mais se aproxima da concretude de nossas vidas difíceis em um solo castigado pelas secas. Também a vejo como um ato revolucionário por manter vivo nossos sentimentos, questionamentos e angústias. Acho que a poesia nordestina é a melhor adaptação do erudito pra um povo que não tinha conhecimento do erudito. É nossa expressão maior como povo pensante de uma determinada região que pela dificuldade existente fez nascer, como sua fauna e flora, um elemento capaz de traduzir, representar e sobreviver em um lugar onde, no início, o letramento era um privilégio de poucos. A poesia nordestina é o melhor advento literário do nordeste. A síntese, quase a forma final da evolução do que começou na oralidade."



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O roçado de poesia prosperou, aqui está todas as colheitas do poeta até os dias de hoje. Ele já tem todos  esses cordéis no ciclo da cultura popular.

1. Jesus o Judas e eu
2. Presente de sertanejo
3. Um forró que quase acaba em casamento
4. Um roçado diferente
5. O pau quebrou no céu
6. A televisão de dona Tel.
7. O disco voador de Angicos.
8. Tremedeiras com amor nas terras de pedra preta
9. Amor em tempos de seca: Chico de Maria e Maria de Chico
10. A maior prova de amor
11. Meu amor proibido que terminou em tragédia
12. O dia que são Pedro descontou tudo em mim
13. O dia que fui herói no sertão
14. Meu querer bem por Sivirina
15. A padiola e os pinguços corruptos
16. Lino por Lino, o poeta em poesia.
17. O berço da corrupção: O caso das notinhas de cigarro
18. Candidato a fantasma da assembleia legislativa do RN
19. O matuto decepcionado com o lutador campeão
20. O sacrifício do boi chuite.
21. Cordel do casamento
22. Albano: nosso mestre e patrono do saber, de Riachuelo-RN para o Brasil
23. Alzira Soriano: da luta à glória
24. Homenagem às mães de Cachoeira do Sapo- RN
25. Família Rodrigues nascimento de Pedra Preta/RN
26. Maria: 90 anos envelhecida em barris de carvalho
27. Natal cidade turística: um passeio entre versos
28. Lavadeiras do sertão
29. Peladas no sertão
30. Parelhas, Raí Bezerra e convidados.
31. Jardim de Angicos: sua terra e sua gente.
32. O matuto e o incêndio do Midoei.
33. Cachoeira do Sapo/RN: do ontem ao hoje
34. De caçador de preias a caçador de almas. Biografia de um homem de Deus, pastor Assis.
35. A invasão das tapaués no sertão.













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1 Comentários

  1. adorei conhecer um pouco mais sobre o poeta Lino Sapo. Tenho o caçuá de versos dele li por diversas vezes, dei muitas risadas, amo os cordeis do Lino. Adorei participar do projeto arco da poesia, é sempre muito bom conviver com pessoas boas que lutam não só por si, mas pelo próximo também. Parabéns poeta por sua e pelos seus feitos.

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