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Os bigodes dos relógios | por Gustavo Rosal


Tenho o hábito de, antes de dormir, descrever brevemente o que farei no dia seguinte – acordar X horas, meditar, beber água...Claro que não cumpro à risca, mas o fato é que hoje lembrei de um amigo que gosta dessas coisas muito ajeitadas.

Altamente metódico. Com ele é tudo mapeado, bonitinho, “programadinho”. Poderia ser um programador de T.I., mas é fisioterapeuta. Um figura, engraçadíssimo - quer dizer, qualquer um engraçadíssimo jamais será engraçado. Enfim, ele é engraçado demais com esse jeito: para cada momento, um método.

Também escreve o próprio passo a passo, e faz uso de técnicas, aplicativos japoneses, criou um grupo vazio no WhatsApp para tomar notas sobre o dia (e realmente o faz).

A gente vê fácil quando qualquer coisa foge do controle. Saíamos com outros amigos para o cinema, por exemplo, e lá estava ele coçando a cabeça, se pisando, disfarçando os olhos rápidos.

- O que foi, menino?

- Fulano ainda não chegou.

- E é você o atrasado? Deixe de agonia e vamos atrás das cadeiras que ele pega a pipoca.

Controle até sobre o tempo dos outros! E eu me acabava. Logo aqui, onde o relógio é um gato, vem com bigodes, sempre dez minutinhos manhoso.

Gustavo Rosal.

15/04/22. 
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